Gostaria de dar
um traço de infância a esse artigo. Fui inspirada a escrevê-lo assim por dois
fatores: minha mãe ensinando minha irmã pequena a articular bem as palavras na
leitura de um texto, e uma música da nossa MPB, “Quando Acordei”, da Lorena
Chaves, “na caneca de café/ o gosto das histórias da infância/ o sorriso
daquela criança/ foi de encontro ao meu...”.
Foi minha mãe quem
me ensinou a escrever bem. Claro que, frequentando à escola, aprimoramos ainda
mais as habilidades com as quais nos identificamos. Todavia, quando a vi
exortando minha irmã, lembrei-me das vezes nas quais eu estava aprendendo
minhas primeiras frases. A maioria dos meus colegas escrevia: “a
bola/pato/cachorro é legal.” Ela, porém, não me deixava fazer isso. Então, eu
era orientada a usar adjetivos diferentes: “a bola colorida é bonita”, por
exemplo.
Aquilo que ela
me ensinou me deu gosto pela literatura e pelo ato de escrever. As minhas melhores
memórias estão fincadas na infância. Devo isso, em grande parte, a imagem forte
que recebi da minha família sobre esta mesma. Miguel Arroyo, doutor em
educação, cita em um de seus artigos que, “muitas vezes as crianças as quais
vivem uma ‘infância popular’ têm uma imagem negativa de seus irmãos, – que são
associados ao tráfico de drogas – e do próprio pai; no entanto a imagem da mãe
permanece ‘intacta’.”
Sabemos que nem
todas as famílias são providas de uma harmonia que proporcione tais heranças
morais, ou de ensino, e aí cabe citar as desigualdades socioeconômicas e seus
profundos efeitos na sociedade brasileira. Já outras são como o pai de Brás
Cubas, o qual lhe corrigia em público, mas em secreto dava-lhe afetos, como
forma de compensação e acolhimento de suas atitudes erradas – o que talvez seja
um reflexo em seu futuro estéril e infeliz.
Ainda assim, a
família deve ser o principal pilar da construção social. Ela deve estar acima
de nossa democracia, dos princípios dos direitos humanos (que devem apenas
orientá-la para uma convivência de paz) e de qualquer outra instituição, o
Estado e o privado. Ela traduz o famoso clichê, a forma que forma. Resta formar
famílias formadoras.
Até Mais!
Much love,
Ana ;)
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