sexta-feira, 4 de julho de 2014

A Grande Família da Copa

Esse meu artigo faz parte da Revista Desabafo Social, edição número 10. A revista é uma iniciativa de jovens que acreditam na mobilização social consciente e cidadã. Para conferir a edição completa, acesse o link abaixo:

http://issuu.com/desabafosocial/docs/revista_edi____o_10_

Confesso que, ao assistir aos discursos presidenciais nos eventos de destinação de recursos federais, indago a mim mesma se nossa presidenta é mesmo brasileira.
Têm sido constantes dentro de sua argumentação as expressões “turismo”, “povo brasileiro é um povo hospitaleiro”, “vamos receber bem o mundo” e “geração de riquezas”.
Expressa-se nessas falas a cordialidade brasileira, descrita por Buarque de Hollanda, e muito difundida/personificada em seu antecessor. No sentido etimológico original, “cordial” remete-se a coração – o motivo que nos faz cometer besteiras públicas em favor da exaltação da nação.
O autor em questão repugnava as características de afetividade do círculo familiar em nossa esfera pública – portanto, Dilma não é nossa mãe, os estádios não são nossa casa e os estrangeiros não são nossos irmãos (por mais que certos publicitários queiram nos convencer disto). Chega de ser “A Grande Família” - a necessidade de justiça social e transformações efetivas fala mais alto.
Nesse sentido, destaco aqui a atuação da ONG “Rio de Paz”, que com suas manifestações relevantes contestam a Copa e colocam em pauta o descontentamento, questionando de quem é o lucro nesse panorama atual. Uma discussão que vem sido promovida tanto em frente à sede da FIFA, na Suíça, quanto em favelas cariocas.
Cabe aqui também o pensamento de Herbert Marcuse, em “A ideologia da sociedade industrial”, que embora produzido em contexto distinto, tem a mesma alma:

“Nós nos submetemos à produção pacífica dos meios de destruição, à perfeição do desperdício...”

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