Ao estudar sobre a vida e obra de alguns artistas, como
músicos e escritores, me deparei com a seguinte situação: a maioria deles bebia
e apreciavam a vida noturna.
Seria então a bebida o catalisador da reação da composição
artística? Será que, ao privar de algumas de suas capacidades o direito de
funcionamento, o artista se torna mais produtivo? Tenho minhas restrições
quanto a essa proposição. Creio que ao inibir parte de sua totalidade, ele
logicamente não é mais completo.
Tomemos o exemplo do álcool, já citado aqui.
Biologicamente, produto da fermentação natural em vegetais. Cultural e
socialmente, em pequenas doses, é símbolo de bom status, de inserção social. Em
altas doses, torna-se o vilão, e sua consequência mais famosa, o alcoolismo,
torna o sujeito consumidor em mero objeto.
O álcool faz parte das drogas depressoras da atividade
mental, ou seja, causa diminuição das atividades cerebrais. Isso causa
reatividade, resistência à dor e a ansiedade.
Além disso, essa substância provoca a desinibição do
comportamento( o que ajuda bastante nas relações sociais), a diminuição da
crítica (que o diga os assíduos freqüentadores de “festas alcoolizadas”), a
hilaridade e labilidade afetiva (a pessoa ri ou chora por motivos pouco
significativos). Este último teria sido essencial na vida dos nossos artistas
boêmios.
Imagine que J.R.R. Tolkien, autor de “O Senhor dos Anéis”,
estivesse num dia de profunda depressão artística, isto é, sem inspiração
alguma.Nem mesmo bebendo da eterna fonte da mitologia grega ele conseguiria
produzir algo em dias assim. Qual a solução? Ele chama seu amigo Jack
(conhecido por nós como C.S. Lewis) para mais uma reunião dos Inklings em um
pub, para conversar sobre ideias para novas histórias.
Agora imagine os mais celestes (ou não) astros do
rock’n’roll, pop, etc..., sem “aquela forcinha” do álcool e de tantas outras
drogas. Será que suas performances seriam as mesmas? Como será que eles
reagiriam às pressões capitalistas da indústria cultural?
Não quero dizer que tais artistas não são capazes de criar
por conta própria, de modo algum! Quero dizer que muitas vezes eles se utilizam
de um catalisador para aumentar a velocidade da reação artística.
Eu particularmente acredito que o uso de aceleradores e
indutores de criatividade não se faz necessário. O artista deve criar por si.
O apóstolo Tiago dizia que todo dom perfeito procede de
Deus. Se o Criador de todas as coisas utilizou o som até na menor partícula do átomo,
Ele se preocupa tanto com sua criação que não a deixaria sem inspiração, sem
dom.
A partir disso, Ele separou o dia da noite (alô,
Barroco!). Separou depois a terra e mar, formando as praias. Criou a natureza:
fauna e flora. Depois, como um escultor, formou com suas próprias mãos homem e
mulher, e delegou-lhes poder para dominar sobre toda a criação, exceto sobre
aquela árvore que eu e você conhecemos bem.
Como vemos, a ideia original de criação e criatividade de
Deus não partia de nada inorgânico; tudo era orgânico, pois partiu do próprio
Deus (João 1. 1,2). E, se nós o temos em nós, conclui-se que a criação
artística deve partir do orgânico, das coisas que são puramente nossas, e não
de uma aleatoriedade alcoólica.
Não se deve desprezar, entretanto, as criações
inorgânicas, elas são arte (e boa arte) também. Mas não se fazem necessárias. O
artista deve ser artista por si.
Até a próxima,
Ana ;)
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