terça-feira, 24 de setembro de 2013

Por que os grandes artistas são dados à boemia? (Uma perspectiva biológica, social, cultural e cristã)


 Ao estudar sobre a vida e obra de alguns artistas, como músicos e escritores, me deparei com a seguinte situação: a maioria deles bebia e apreciavam a vida noturna.
Seria então a bebida o catalisador da reação da composição artística? Será que, ao privar de algumas de suas capacidades o direito de funcionamento, o artista se torna mais produtivo? Tenho minhas restrições quanto a essa proposição. Creio que ao inibir parte de sua totalidade, ele logicamente não é mais completo.
Tomemos o exemplo do álcool, já citado aqui. Biologicamente, produto da fermentação natural em vegetais. Cultural e socialmente, em pequenas doses, é símbolo de bom status, de inserção social. Em altas doses, torna-se o vilão, e sua consequência mais famosa, o alcoolismo, torna o sujeito consumidor em mero objeto.
O álcool faz parte das drogas depressoras da atividade mental, ou seja, causa diminuição das atividades cerebrais. Isso causa reatividade, resistência à dor e a ansiedade. 
Além disso, essa substância provoca a desinibição do comportamento( o que ajuda bastante nas relações sociais), a diminuição da crítica (que o diga os assíduos freqüentadores de “festas alcoolizadas”), a hilaridade e labilidade afetiva (a pessoa ri ou chora por motivos pouco significativos). Este último teria sido essencial na vida dos nossos artistas boêmios.
Imagine que J.R.R. Tolkien, autor de “O Senhor dos Anéis”, estivesse num dia de profunda depressão artística, isto é, sem inspiração alguma.Nem mesmo bebendo da eterna fonte da mitologia grega ele conseguiria produzir algo em dias assim. Qual a solução? Ele chama seu amigo Jack (conhecido por nós como C.S. Lewis) para mais uma reunião dos Inklings em um pub, para conversar sobre ideias para novas histórias.
Agora imagine os mais celestes (ou não) astros do rock’n’roll, pop, etc..., sem “aquela forcinha” do álcool e de tantas outras drogas. Será que suas performances seriam as mesmas? Como será que eles reagiriam às pressões capitalistas da indústria cultural?
Não quero dizer que tais artistas não são capazes de criar por conta própria, de modo algum! Quero dizer que muitas vezes eles se utilizam de um catalisador para aumentar a velocidade da reação artística.
Eu particularmente acredito que o uso de aceleradores e indutores de criatividade não se faz necessário. O artista deve criar por si.
O apóstolo Tiago dizia que todo dom perfeito procede de Deus. Se o Criador de todas as coisas utilizou o som até na menor partícula do átomo, Ele se preocupa tanto com sua criação que não a deixaria sem inspiração, sem dom.
A partir disso, Ele separou o dia da noite (alô, Barroco!). Separou depois a terra e mar, formando as praias. Criou a natureza: fauna e flora. Depois, como um escultor, formou com suas próprias mãos homem e mulher, e delegou-lhes poder para dominar sobre toda a criação, exceto sobre aquela árvore que eu e você conhecemos bem.
Como vemos, a ideia original de criação e criatividade de Deus não partia de nada inorgânico; tudo era orgânico, pois partiu do próprio Deus (João 1. 1,2). E, se nós o temos em nós, conclui-se que a criação artística deve partir do orgânico, das coisas que são puramente nossas, e não de uma aleatoriedade alcoólica.

Não se deve desprezar, entretanto, as criações inorgânicas, elas são arte (e boa arte) também. Mas não se fazem necessárias. O artista deve ser artista por si.

Até a próxima,
Ana ;)

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