quarta-feira, 16 de julho de 2014

A sociedade teatral

"Eu sou trezentos, sou trezentos e cincoenta, mas um dia afinal eu toparei comigo mesmo..." (Mário de Andrade)

As máscaras tragicômicas são o símbolo do teatro em todo o mundo. No entanto, no século XIX, durante a consolidação de um teatro realmente nacional no Brasil, os atores, em sua maioria mulatos, usavam tinta branca e vermelha nos rostos - um reflexo da discriminação que os negros sofriam na época (os quais nem podiam adentrar num teatro).
Esse recurso, utilizado como máscara de autodefesa e como instrumento de inserção social e sobrevivência, dá-nos um prospecto de como a utilização de máscaras nem sempre é optativa. Assim, o meio externo continua a influenciar e determinar atitudes humanas.
As múltiplas facetas que temos e a imposição de um modelo de ação pelo meio podem ser observadas na narrativa "As caridades odiosas", de Clarice Lispector, na qual a autora se encontra em situação de impasse numa padaria: dar ou não dinheiro a um menino de rua, para que este pudesse saciar-se? Que reações sua atitude poderia ocasionar nos outros?
Tal pensamento - o que se refere aos outros - é uma das grandes razões pelo qual justifica-se o uso de "papéis morais e sociais".
Sendo assim, devemos bani-los? Seria quase impossível. Eles se tornaram tão necessários e praticamente vitais. Todavia, pode-se evitar a falsidade, a corrupção do caráter e a mentira. A convivência pede sinceridade e cordialidade. Cabe a nós, aprender a dosagem certa destas, a fim de sermos "sem cera" e plenamente sociáveis.

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